É fato, existe uma necessidade que frequentemente nos deparamos nas ruas: a miséria extrema. Quando me refiro à miséria extrema não aplico apenas na questão material, mas em todos os âmbitos da vida humana, aspectos emocionais, biológicos e espirituais. Diante disso, precisamos nos perguntar: sabemos como trabalhar a situação? A Bíblia é suficientemente clara sobre o assunto? Se Deus operar o milagre da regeneração, como acompanhar o mais novo membro da família de Cristo? Ele permanecerá em situação de rua?
Para começarmos o assunto devemos saber que a Bíblia é muito clara quanto à obrigação de ajudar pessoas em uma situação assim: e o Rei dirá: “Eu lhes digo a verdade: quando fizeram isso ao menor destes meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25.40). A situação a que Jesus se refere é justamente quanto a ajudar os necessitados; quando fazemos o que fazemos, o fazemos em nome Jesus. Pode-se criar uma série de circunstâncias para tentar recolocar o texto para justificar nossa distância deste mandamento, porém, a única coisa que Bíblia nos coloca como critério de decisão é a ordem de prioridade: atendermos primeiro os domésticos na fé. “Sendo assim, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, principalmente aos da família da fé. A nova criação supera a Lei” (Gl 6.10). Note que alvo é atender a todos, começando por aqueles que estão mais próximos. A nova criação superar a lei nos indica uma responsabilidade ainda maior, mas não trataremos sobre isso por enquanto.
Quando olhamos o Antigo Testamento, vemos a integridade de Jó como exemplo prático para nós: “O estrangeiro não pernoitava na rua; as minhas portas abria ao viajante!” Jó 31.32. Pensando nisso podemos observar mais duas situações, uma talvez negativa, mas que na verdade nos relembra da nossa obrigação: Mas Jesus respondeu: “Deixa-a em paz; pois para o dia da minha sepultura foi que ela guardou isso. Quanto aos pobres, vós sempre os tereis convosco, mas a mim vós nem sempre tereis.” Jo 12.7,8. A princípio parece que Cristo está diminuindo a questão da ajuda aos pobres, mas ideia é focar naquilo que iria acontecer: sua morte, relembrar daquilo que eles já deveriam saber como judeus: “Sempre haverá pobres na terra. Portanto, eu ordeno a você que abra o coração para o seu irmão israelita, tanto para o pobre como para o necessitado de sua terra” Dt 15.11. Tanto o Antigo quanto o Novo testamento nos colocam a reponsabilidade holística de transformar o mundo.
De alguma forma, precisamos pensar e agir a esse respeito. Em 21 de maio de 1536 o Conselho Geral de Genebra ratificou a iniciativa da igreja em criar um hospital geral de ajuda aos necessitados que fora criado em 1535. Partiu da igreja a solução, será que não temos mais pensadores dentro da igreja que amam o próximo e desejam ser agentes transformadores de sua própria Genebra?